Como se preparar para o mercado de trabalho

Esta é talvez a grande pergunta que ocupa a mente de vários jovens que estão em vias de entrar para o mercado de trabalho, após terem terminado seus estudos, ou mesmo, ao mesmo tempo que continuam com a batalha para elevar o nível académico. No contexto actual onde o recurso mais valioso das organização já não são as pessoas, mas sim o conhecimento que elas carregam, o grau académico ainda é um dos requisitos favoritos e que oferece vantagem competitiva para quem está a procura de emprego.

Mas será só o grau académico que conta?
O grau académico como bacharelato, licenciatura, mestrado, etc. é muito importante porque confere ao homem conhecimentos de base para o desenvolvimento profissional, bem como a capacidade de abstracção, pensamento independente, de investigação, etc. Espera-se que após a graduação, o pessoa continue investindo na leitura, e investigação, como forma de aperfeiçoar e se actualizar no conhecimento. Entretanto, existem outras competências associadas que os empregadores (e consequentemente os recrutadores) procuram nos candidatos. Algumas das competências são:  


  Iniciativa
  Autonomia
  Auto-Liderança
  Liderança
  Criatividade
  Trabalho em equipa
  Resolução de problemas
  Resolução de conflitos
  Capacidade de negociação
  Capacidade para assumir
   responsabilidades

  Orientação para resultados
  Orientação para clientes
  Capacidade de comunicação
  Capacidades sociais
  Capacidade de colaboração
  Agradabilidade
  Cumprimento de prazos
  Dinamismo
  Empreendedorismo
  Orientação para negócios
  Equilíbrio emocional
  Flexibilidade, etc.



A lista de competências é extensa, mas não significa que todos devemos possuir todas as competências. Dependendo do sector e da posição que se pretende procurar, algumas competências são mais enfatizadas em relação à outras, de modo que, no momento da preparação do nosso instrumento de marketing pessoal (curriculum vitae e carta de apresentação ou de candidatura), devemos realçar as competências chave como forma de chamar a atenção ao recrutador para que este se interesse pelo nosso perfil. Por exemplo, se me candidato para uma posição de gestão, devo realçar as capacidades de liderança, gestão de equipas, gestão de conflito, etc.

Tudo bem, e agora?
O mais importante talvez seja o auto-conhecimento. Primeiro sugiro que comece por fazer uma análise SWOT/FOFA a si próprio como forma de se conhecer melhor. Defina quais são os seus pontos fortes e fracos. Peter Drucker em Managing Oneself sugere que, alcançamos excelência de uma forma consistente quando operamos numa combinação de auto-conhecimento e capitalização dos pontos fortes. A análise pode ser feita respondendo com honestidade às seguintes perguntas:

  1. Quais são os meus pontos fortes?
  2. Como é que eu trabalho?
  3. Quais são os meus valores?
  4. Qual é que pode ser a minha contribuição para a sociedade?
  5. Que aspectos sociais/económicos/políticos é que despertam a minha atenção?
  6. Qual é a minha visão para os próximos 10 anos?
  7. Onde é que pertenço ou pretendo pertencer?
Responder a estas perguntas parece fácil, mas se decidir ser sério e franco irá notar que não tem resposta para certas perguntas porque nunca parou para pensar nelas ou não tem o devido autoconhecimento. Responda por escrito pois este exercício era ajudá-lo a pensar com profundidade no que está a escrever. Guarde as suas anotações e logo de seguida inicie uma análise de 360º – faça as perguntas 1-5 a pessoas a sua volta (pais, irmãos, colegas da escola, professores, colegas de serviço, etc.). Escolha pessoas idóneas que lhe possam dar respostas honestas, e certifique-se que sejam pessoas de todos os níveis. Por exemplo, se trabalha, escolha alguns superiores a si, outros do mesmo nível e outros abaixo de si para que tenha uma visão ampla sobre você na realidade é e como é percepcionado. Explique as pessoas sobre as suas intenções em relação as perguntas, assim elas se sentirão à vontade em falar das suas fraquezas pois irão perceber que é para o seu bem.

Esta análise irá gerar informação que lhe indicará quais são as suas competências, em que aspectos precisa melhorar e talvez lhe ajudem a despertar sobre os seus reais interesses e habilidades, e consequentemente para que área de trabalho poderá estar vocacionado.

Como preparar a procura?
Uma vez definida a área em que pretende trabalhar, comece
por preparar o seu curriculum vitae (CV) e carta de apresentação. Não precisa esperar pela existência de uma vaga para fazê-lo, pois nessa altura, poderá agir sobre pressão.  

O seu CV deve possuir a seguinte informação: dados pessoais (nome, endereço, telefone); objectivos (especifique a área pretendida, o cargo e sua visão a longo e curto prazo); formação (académica e complementar); Experiência profissional (indique as datas, a posição que ocupou, bem como algumas funções chaves – máximo 5 para cada posição); Outras informações (publicações, sociedades a que pertence, etc.); referências. Seja o mais objectivo possível, coloque factos e não narrações, e o historial deve ser construído começando do mais recente ao mais antigo.

A carta de apresentação é um instrumento que não pode ser dispensado. Aqui você inicia por explicar as suas intenções: candidatar-se a uma vaga em específico, nunca para qualquer vaga disponível. Quando você é específico quanto as suas intenções, você se apresenta como alguém que é objectivo e sabe o que quer. Pense comigo, se você não sabe o que quer, o recrutador irá saber? Após apresentar as suas intenções, explique porquê é que você se acha capacitado para ocupar essa vaga. Fale da sua formação, a experiência e as suas competências (traga a informação da sua análise SWOT/FOFA).

Como começar a procura
Encontrar emprego no contexto económico em que vivemos parece quase impossível, mas lembre-se, você só precisa de uma vaga e não de muitas. Com um pouco de vontade, auto-confiança e persistência, você acaba por localizar essa vaga. Todos os dias surgem novas empresas, pessoas reformam, saem de circulação por vários motivos e deixam trabalho para ser feito – se você estiver no lugar certo na hora certa….
As fontes de recrutamento são diversas, e é importante vencermos o preconceito e a desconfiança que possamos ter no uso das diversas fontes. Algumas sugestões de onde procurar são:
  • Anuncio no jornal: Visite todos os jornais, todos os dias. Quando vê um anúncio no jornal, acredite que, de facto estão a procura de pessoas capazes e candidate-se se a vaga for na sua área de competências. Não desenvolva a atitude “isto é só para o Inglês ver” – muita gente encontra emprego através do jornal!  
  • Agências de emprego: Visite as agências de emprego e se apresente como forma de estabelecer um contacto pessoal. Não se conforme apenas com o entregar o seu CV e Carta de apresentação à recepcionista, mas tente marcar uma hora oportuna para falar com alguém que lide com recrutamentos. Seja persistente, mas sempre agradável e com um sorriso. As agências de recrutamento também recebem CV por e-mail, e você pode enviar uma candidatura não solicitada mas sendo específico sobre os seus objectivos.
  • Redes Sociais virtuais: não de deve subestimar o poder das redes sociais pois elas tem o poder de nos colocar em vários lugares ao mesmo tempo e maximizam a oportunidade de estarmos no lugar certo na hora certa. Use o facebook (http://www.facebook.com/) para fazer o marketing pessoal, de vez em quando coloque nas suas mensagens: estou a procura de uma posição na área x, contactem me através do e-mail ….” Ou algo similar. Use também o LinkedIn (http://www.linkedin.com/) que é uma rede de profissionais e ligue-se a pessoas com os mesmos interesses, tente-se ligar-se também a empresas e a agências de recrutamento. Alguns empregadores anunciam as vagas nessas redes como forma de maximizar a disseminação das vagas.
  • Conhecidos, amigos: Fale com pessoas a sua volta, ligue para conhecidos e fale das suas intenções. Várias vagas são preenchidas desta forma e muito dizem que é cunha. Na verdade chama-se recrutamento informal e este é válido quando o devido cuidado é tomado em certificar-se que a pessoa possui os requisitos necessários para ocupar a vaga. Estamos numa era que os contactos sociais são uma ferramenta para alcançarmos objectivos a todos os níveis, então maximize o seu uso.
O importante é usar todas as fontes a sua disposição e nunca perder a fé que o seu desejo irá se manifestar. A auto-confiança, acção e persistência geram resultados.

Boa sorte na sua procura, na próxima edição trarei dicas sobre o que esperar numa entrevista e como se portar. Se tiver sugestões para futuros artigo, deixe um comentário no blogue J

Referências:
Peter Drucker (1999). Managing Oneself. In HBR's 10 Must Reads: O Managing Yourself. Harvard Business Review
Barduchi et al (2009). Empregabilidade: Competências pessoais e profissionais. Pearson Prentice Hill. Sao Paulo

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